Saturday, October 07, 2006

sem nome (quem será, quem serei)

Ufaa.! Mais uma interjeição para exprimir um alívio temporário, infelizmente. Ainda que com dificuldades, consegui arranjar um tempinho para rabiscar e vos deixar a par das minhas preocupações momentâneas. Peço desculpa aos demais que quase me imploraram para gritar mais cedo… mas as férias chegaram e passaram e as aulas roubaram-me! Apesar disso ajudaram-me a descobrir-me e a perceber que talvez tenha alguém dentro de mim a querer sair.
Já ouviram falar em heterónimos? Provavelmente… muito queridos pelos mais pequenos como refúgio à desilusão e caminho para a fantasia. Mas dei-me comigo a pensar… porque não posso também eu ser eu e eu? É… apercebi-me que talvez haja mais alguém quando caminhava até casa e olhei para a sombra ditada pelos candeeiros nocturnos de uma rua impertinente. Talvez este seja mais um desvaneio comum ou mesmo um pretexto para poder escrever sem cair na monotonia inconstante e supérfula que às vezes se apregoa, mas acho que só sabei realmente depois dele aparecer. Se entender morrer que o faça, mas longe de mim.
Andei à procura de um nome para este desconhecido que comigo partilha (ou tem partilhado) o corpo, mas não a alma. Um nome talvez tão sombrio como a ideia de ter alguém escondido nesta sombra viva que não me larga e tão alegre como a felicidade de me separar e poder viver uma segunda vez. Pessoa lá encontrou os seus, e talvez venham a falar Comigo, mas ainda não chegaram… não há pressa. Quando será que chegarão, tanto eles a mim, como eu a mim mesmo? Onde estarei quando baterem? Num sótão, num baloiço? Numa lua ou num semáforo? Num sítio… num sonho.
Nunca sei se devo dormir... Às vezes tenho medo porque não sei se irei sonhar. Não sei como sonhar. Alguém me conta como faz? É que poderei lá estar, mas não sei como lá ir ter… e ainda espero poder encontrar quem quer que seja.

Caso se lembrem como sonhar
Contem-me por favor!
E já agora como irei chamar
Se vir o meu outro senhor…(?)…


Como me chamo?

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Absolutamente brilhante.
Fotografia fantástica.
Adoro a tua capacidade de auto-analisares. Porque só quando nos conhecemos muito bem (ou, ao menos, quando fizemos um esforço muito grande nesse sentido) podemos ter a veleidade de pretender conhecer o outro.
É muito bom ver-te escrever assim, de modo absorvente, sem descurar pormenores. Fico à espera de mais!!

3:19 AM  
Blogger Fibonacci said...

Não sei porque perdes tempo com isso. A sério... Queres tanto um nome para o teu outro senhor que não vês que que tu mesmo (sim, tu!) também precisas de um nome! E não o encontras, e tens medo de o saber, por isso procuras o Outro.
É como toda a história do sonho. Dizes que não sabes sonhar... Não me venhas com histórias! Tu tens medo é de descobrir que, afinal, o protagonista daquela reviravolta que até coras em pensar acordado eras tu. E que a sombra cinzenta eras tu. E que o Outro és tu. Mas um tu com medo de ser ele próprio.
Tu! Tu que nunca tiveste medo de ti... Tu que és o maior exemplo para todos disso!
Sim... És capaz de já te teres encontrado e por isso não queres parar. Mas pára. Pára e observa-te. E sorri. Porque, acredita, fizeste um grande achado.

Um pequeno sinal de deliciosa ebriedade: "Se entender morrer que o faça, mas longe de mim."

Oh sim, acredita que derretes quem quiseres se continuares a escrever assim. (:

10:24 AM  

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home