Sunday, June 20, 2010

aos heróis

Quando uns guardam rebanhos e sabiamente nos iludem para não crescermos, outros ensinam-nos a pensar e construir o voo numa máquina de um tempo que nos fez. Apesar de ter chegado uma carta azul, sabemos que o génio continua na memória dos escritos e dos conventos, e que uma jangada cresce mais por ter Razão assim.

“A morte voltou para a cama, abraçou-se ao homem e sem compreender o que lhe estava a suceder, ela que nunca dormia, sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras. No dia seguinte ninguém morreu.” in intermitências da morte

José Saramago 1922-2010

Sunday, May 09, 2010

olutít

mob are
,otierid sasioc sa rezid redop
mébmat sonem oa es
.missa són somessádna

,opmet o e són
sarecsísv sa e
ortned ác astlov oãd euq
.ralaf ed aroh an em-amtigogrer

merimda es oãn merariehc es
irros metno edno rop euq
e otimov ejoh,
rerrom éta oripsus
.



deixem-me vomitar, que eu seguro-me

Thursday, February 11, 2010

e quando conseguimos sair do nosso corpo e gemer todas as dores que estão no ar, como é?

e quando gritamos que afinal ainda não morremos?
será assim tão bom?

Tuesday, September 01, 2009

snif snif

O ar é sujo da cidade;
e para conseguirmos voar,
como devemos,
temos de o furar sem tropeçar.

Quando passamos as nuvens queremos outras nuvens,
que sempre quisémos e onde sempre sonhámos:
Sonhamos ser livres de pessoas e de furar
(e de pensar)
mas como é possivel sem respirar?

Um dia vou falar com uma árvore
(sem pensar) e pedir-lhe que todo o fumo desapareça!
Assim poderei ir o céu e às frutas
que ficam sempre no alto
e que quando ando descalço
nunca consigo chegar.

Sou um infeliz estúpido que vive sem respirar
num mundo com os pés sujos...

Quando crescer muito vou poder sonhar
novamente com a terra nos pés descalços
e os troncos espalhados num mar de areia salgada
onde até a lua desmaia.

Quando crescer,
vou mingar e voltar a nascer criança.

artur.



peço desculpa se pensei, mas já não era eu há muito tempo.
e ser criança é difícil.

Thursday, October 18, 2007

oh verdes "ais" dos meus quintais!

Voltei. e assim fiquei.
Desci, caí, morri.
(quase...). chamaram-lhe "coma", e eu comi!

O hospital branco como o sal
tenta esconder o sujo dos
medicinos.
Parece que estudam e tal
mas depois para tratar tratam-nos (quase) mal.

[O que era bom era ver não o azul dos papéis mas o mas os pássaros no azul...]

Nada como um bom estatelar nas montanhas que deixei.
este Porto cá, nem sei, está preto ou é de mim?
as pessoas a correr e o tempo a tropeçar
Não sei como descrever estes rios de tristeza,
ninguém ri, niguém respira, ninguém dança nem balança
ninguém vê
ninguém.


se eu estivesse lá por campos
eu corria e florescia
como as borboletas, sim.

eu não sei se alguém diria
que as folhas e os animais, e outros seres vivos normais,
nos fariam sussurrar...

com medo que o equilibrio nos deixasse pendurados,
e o friosinho de felicidade (as borboletas, agora comidas!)
acabasse(m) por voar.

voltando às multidões mal-encaradas
concordam ou não com tais visões ?
uma flor em cada orelha e andava tudo cheirosinho!
e cheiinho
dos sorrinhos!

eu acho que só acordei (não pelo mau cheiro de Cacia, mas)
pelas cores que em mim tocaram!
Ainda não vos tinha mostrado o coração colorido!
as belas artes do corpo e o desenho dos meus sapatos.
Finalmente encontrei salvação
num porto de corrimão
que me ajuda a comentar a fadiga dos malucos.

eu só queria era as árvores sem cimentos nem prisões.
as árvores são aviões! caramba!
elas fazem-nos voar, elas fazem-nos sonhar....!
só temos de respirar!

sniff snif.

(deixem os outros cheiros.) as flores são bem mais belas
e amarelas.
e donzelas
e amarelas.
e...
e gosto delas!

gosto assim:

.

Artur

Friday, January 26, 2007

vim de lá

"Oh! deixa.te disso, ela precisa!"
Ainda hesitei entrar na carruagem…


Deixar todo um mundo que me inspira
E me abafa o desprazer, as loucuras de outra margem.


No entanto lá fui eu…
Relembrando o alecrim, o pássaro e as cortinas;
As fontes de águas cristais,
As vozes dos animais
E o cantar da cotovia.
Oh minha querida sobrinha!
Não sei como irei passar
Sem passar e sem cheirar.
Sem comer das árvores-mães
Comendo antes alemães
Que me levam ao que fui.
É pois…

O hospital que desconheço
(nunca cá tive assento por viver no paraíso;
Lá as curas são boas, de ervas e camomilas
De refrescos e perfumes.
Encantam não só a dor
Como a doença que desmaia com o prazer de outras ervas…)

(Não me julguem radical, sim o eu que agora escrever,
Apenas acho bonito cheirar o que não se deve.)

Agora, sobrinha outra, essa não tem juízo
E julga-se uma idolatra de um mundo
Que sem vergonha nos enrola como a serpente
Nos troncos da amargura
Da perdição e da vaidade;


Podia "vaidar.se" com flores
e com amoras maduras
Mas prefere apodrecidas….


Eu, alegre entre as flores (sim, aquelas que já disse amores!)
Sorrio e canto pra mim;
Para o mundo mais perfeito


Da chuva e dos orvalhos
Que me encantam a visão!

(oh pássaros do norte! Que se passa com vocês?
Levem.me de volta a casa
Não aguento este povo,
Esta escória de surdez…


Eles não ouvem as musas, as sobrinhas e as lusas
(uma ave, digo eu) –
Sim porque inventar é bom;
Variado como as frutas, as flores e as ramagens…
Porque não posso criar?

Há quem corte frutas para criar pratos
As flores para criar ramos e as folhagens vão também.
Acho é tudo mais nas campas
Do quem em belas camponesas, tão bonitas e tão tristonhas…
A tristeza é tão má flor
Que não só me traz a dor
Como traz mais sofrimento.
E dizem que vai aparecer (lá mais logo à chegada)
Ente rostos e semblantes;
Dizem caras facetadas… paisagens ténues e pálidas!)

Prometo apenas ficar nesse (P)porto conhecido
Até conseguir tratar
Uma sobrinha que tal
Se julga adoentada…
Inspiração não sei se vem… as paragens lá, eu sei,
Deixam sorrir para o céu.
Este aqui já não é meu, mas prometo ir cantá-lo.

Olha ali um armazém? Estou a chegar… uii que ar !




Artur

Sunday, November 12, 2006

O duo sem dueto


Parecia um pobre moço, e pelintra, e desajeitado, e mal vestido
Cuja bailarina mirou.
Convidaram-se para dançar
E num breve sopro de mis e fás
Lá foram eles:
Un, deux, trois, Mazurca.
Às voltas e voltas a perfeição ganhou vida
Entre tantas outras.

O foco caído em mim, frente à música,
E eles lá voavam e sonhavam saltitando.
Um perfume encantador
Para qualquer bailado que apaixona e delicia.
Afinal, sob aqueles trajes melindrosos
Corria uma paixão:
O gosto pelos passos.


E ao sabor da música
Lá se encostaram e conheceram.

Ao despedir-se, ela, sentou-se pouco ao meu lado
E ele…
Ele lá foi tocar pra ela. Feliz.
E eu… limitei-me a felicitá-los e a sorrir.
Registar e atentar naquela pequena valsa. Feliz.
(e, um dia poder, sonhando, saber saborear sabiamente
Como eles o fizeram.)

Mais uma vez, sem mim, passou
A saltar, numa onda de reviravoltas.
Passos perfeitos sobre um chão brilhante
Que se enaltecia com todos os rodopios.


Tari… Tarã, …
Onde está ela?
Parece que voou de vez.
Pra longe de mim e de todos.
Pra um sítio bem alto que o das aves incultas.
Que as arvorem amparem quando for dormir.
Quando trincar o sabor da horas passadas e atentas
Que a amarram e manipulam.


Tari... Tarã… Tari, tari… Tarã…
Ai… quão bela é toda esta canção
Que também ela me manipula e incita a soletrar:
"V A I C O R R E R !
Procurar quem queira sorrir."
[Mas também ele a buscava, entre bustos e marionetas
Ao longe, sob vermelho.
Mesmo não a vendo (julgo eu)
Continuou a tocar e a soprar a vontade de dançar.
Outra vez.]

Tarã, tarã, tarã…!
Quem quererá dançar com alguém como eu.
Uma pobre criatura, no amarelo, a preto e branco,
Sentada ao palco, e a escrever.
Mesmo assim, já tenho saudades de escolher alguém.

TARÃ!
Oh Mazurca maldita que me impedes de ser feliz sem ela.
A bailarina donzela, que me aflita,
E me seca a goela, branquela,
Por baixo da luz amarela,
Com a flor que me socorreu da trágica falta de tinta.

Há quem lhe chame sinal,
Para não amaldiçoar e dançar e sorrir para o lado.
Olhar para a frente.
O palco quase vazio sem o flautista francês
E sem o anjo cobiçado.


Mais uma vez a melodia embebeda na ilusão
Qualquer sapateado dançante.
(e dentre a multidão, onde alguns trincam a maçã das árvores
Com a cara dos curiosos, a sorrir,
Surge o rapaz que ajuda a serpentear.)

Piruli… pirulá.
E na última dança lá fugiu ela,
Renegando aqueles passos reles.

Mas voltou.
Agora com o homem do tempo,
Eternizava os movimentos e alegrava o pobre velho.
Contente com todo o tudo, a cantar:
Piruli… pirulá… pirulé.

Ao som da música invejosa do pequeno flautista
Que um dia ousou escolhê-la pra dançar.

Eu consegui sobrevier, ao lado,
(porque olhei para o lado),
De uma menina alegremente cansada.
Entre dicas e conselhos lá andei eu de um lado para o outro
Agarrando costas cada vez mais deformadas.
Tudo pelo extravio imaginário do pequeno Querubim
Que encanta qualquer alma conhecida.
Como dois discípulos fies,
Sentaram-se aos seus pés,
Duas donzelas morenas que a entretiam.
E ela...
Ela lá olhou uma última vez
Para a flauta que a fez dançar e voa.

Maldita Mazurca rangida
Que abraçado a uma Maria
Me fez odiar o vento.
Com brisas de prazer, talvez penas abandonadas,
Lá fui eu avançando e cansando
A música que parecia eterna
Mesmo sem o flautista chorão que fugiu do palco mor.
Resolveu actuar com maior prazer num WC imundo
Deixando a outra voar.
Ah… ah!

Afinal não! Felizmente!
Olhou para baixo e dançou com uma galinha,
(Que não voava, mas também o satisfez)
Olhou de vezes a vezes para o alto,
À procura de um sinal. De uma mão
De um olhar que o deixasse sorrir novamente.

Confuso? Não mais que eu ao valsear e versejar
Nas tábuas imaculadas que ambos pisaram.

Afinal conseguiu! Juntou-se à pequena e
Mesmo escondendo o sorriso numa cara simplória
Via-se nos passos dele que realmente triunfara!
(Agora poderá partir com um cheiro mais intenso)


E assim terminou com as saias redondas
Que morriam nas calças.
Com os passos que viviam a sabedoria.

Sozinhos na pista todos os desejavam.
Pobre perfeição esverdeada.

Também quero!


Tã!