Tuesday, October 10, 2006

Carta a Jorge Alves

Meu prezado Camarada:

De Celorico vos escrevo. Espero encontrar-vos de boa saúde, pois da última vez que vos vi não aparentáveis boa figura. Não percebo com podeis por-vos mal disposto numa terra destas (que admiro e exulto num poema que mais tarde vos envio), conseguindo sobreviver no meio da poluição e da agitação dessa bela tristeza que todos adoram. Lamentavelmente vos comunico o que me leva a contactar-vos: minha pobre irmã adoeceu e neste encantado mundo genuíno não encontramos a cura... que deveria estar nas flores e nas águas da fonte, mas parece que lhe fugiram... (talvez por não se acercar da plenitude natural). Esperemos que não seja apenas uma fita tonta para vos visitar e para endoidecer tanto consigo como com esse caos ensurdecedor. Enfim..., já deveis ter percebido que recorremos à vossa benovolência para que possamos tratar da catraia. Desagrada-me também a solidão em que viveis e teria todo o prazer em mostrar-lhe quanta felicidade se pode encontrar numa (tida por vós) simples árvore, ou mesmo num vento leve ao entardecer (não menosprezando as outras horas do dia, claro). Felizmente não partímos sós, a Natureza é grandiosa em também aí vai ser o meu único refúgio para contradizer o maldito caos. Contra o meu agrado, pois não tenho pressa em deixar de Viver realmente, temos urgência em partir e gostávamos de uma resposta breve.

com sinceridade e apreço,
Artur

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Desconhecia esta tua faceta de escritor. O que te inspirou? Aulas de portugues nao é? ;p A mim tambem. Nao podia gostar mais da complexidade de Fernando Pessoa!
Pergunto me quem sera o teu heteronimo...sim, artur...mas isso é so um nome. quero saber o que veste, o que diz, o que sente, se é um sonhador , um lunatico ou um pensador...

pronto, sou curiosa e gosto de ler ;p


*

2:17 PM  
Blogger Fibonacci said...

Não deixes que Artur seja o teu heterónimo! Senão lá se vai a loucura da irmã de Artur (seria incesto, caro amigo). Ainda não conheço muito Fernando Pessoa. A mim lembra-me mais Eça de Queiroz.

E, sim, fantástico.
Como sempre.

Pois "a Natureza é grandiosa" e tu ainda continuas "o único refúgio para contradizer o maldito caos" de muita gente, por essa blogoesfera fora.

3:33 AM  
Anonymous Anonymous said...

O Eça morreria seco de inveja.
A qualquer um de vós, Artur ou Jorge: procriem ou multipliquem-se em heterónimos (é à escolha), que o mundo precisa de mais seres humanos assim!!
Beijocas.

3:50 PM  

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