Wednesday, November 01, 2006

o coelho comilão

Quanto viverei?
Nem eu sei
Nem saberei...
talvez até nem morrerei...!


Porque a morte é para os fracos,
porque as árvores não morrem verdadeiramente.
talvez o corpo que pensa e que enoja.
Sim, esse talvez morra mais tarde.
Porque enquanto pode
delicia-se com doces e doces manjares:
Bibliotecas e escolas amarelas.
eu só quero voar e amar
o amor e os amores. (as flores).


Porque um dia talvez cegue
e não possa encontrar o que de mais belo há.
ou talvez os médicos pensadores me possam ejectar
uma boa dose de sanidade e razão.
talvez me curem deste sonho encantado.

Por enquanto vou continuar
a molhar os pés no rio e a nadar
para a frente.
Vou juntar-me aos peixes e às algas,
ao sol e à chuva. e vou cantar.

- Quão bom é poder imaginar nas nuvens
um coelho comilão. (ui! estava a dormir!)

- Quão bom é poder ver a chuva a dançar com o vento.
Poder ver a chuva a fazê-lo assim:

Para cá e para lá,
às voltas e voltas e voltas.
(Numa rua deserta e coberta de folhas,
convidadas por ele,) vi-os assim.

Um dia talvez possa voar e dançar docemente. deslizando
e vendo quão belo tudo é.
Isto se o fino das fábricas e o pensador obestinado,
de tanto pensar, me deixar
Abrir as pupilas benditas
que nos ajudam a sorrir.

Nas paragens desertas já não se pode cantar.


Artur

(absurdo ter falado enquanto estudava...
o coelho fugiu, mas já voltou)

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Sabes... nunca contei a ninguém mas também au acho que, se calhar, vou ser a primeira imortal documentada (só porque sou mais velha do que tu!). Megalomania? Talvez. É certamente um desejo secreto. Que guardei sempre tão bem que a parte insana e tenuamente supersticiosa de mim espera que ele se venha a cumprir. Justamente pelo que dizes: olho-me no espelho e vejo-me forte, capaz de tudo. Por que raio não vencerei também a morte???

9:46 AM  
Blogger Fibonacci said...

Desculpa... Mas não consigo. Simplesmente não consigo. Não consigo escrever uma única palavra que não seja 'não consigo'.
Não consigo fazer um comentário interessante. Não consigo dizer porque raio me sinto como tu. Nem consigo sequer falar.

Talvez as palavras tenham um limite... E tu, comilão!, usaste-as todas para a tua dança com o vento.
E agora eu? Ocupo inultimente todas estas linhas com letras apenas porque me faltam palavras.
Se estivesses aqui podias ver a minha cara estupefacta enquanto te lia e te relia e ainda te lia outra vez. Agora assim... Queria rir-me para ti para saberes como o que escreveste foi uma lufada na cara, uma bofetada de ar fresco. (Mas não dá. Tu estás por aí.)

Não falo da boca para fora, sabes que não.
Ah! E não te preocupes! Eu sei que nunca vais morrer. Só não te quis contar nada para não estragar a surpresa. :)

1:22 AM  
Blogger Fibonacci said...

«Importa não abrir ainda o dia de amanhã.»

1:45 AM  

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